Talvez eu seja um pouco dura com o personagem e a série agora, mas a última temporada me desagradou muito e preciso botar isso para fora como fã da série de TV, muito fã, e as vezes é preciso criticar, né. Outro ponto a se considerar é que não sou mãe, então pode ser a minha percepção seja dura por isso, é um texto sobre paternidade, mas logico que irei focar na analise cinematografica da série.
Um das qualidades da série é como é abordado a paternidade com os personagens, Sam Obisanya (Toheeb Jimoh) e seu pai, Jamie Tartt (Phil Dunster) com uma relação complicada e extremamente bem retratada em todas as temporadas fazendo ele ver Ted (Jason Sudeikis) como uma figura paterna, sendo assim fazendo o treinador sendo essa figura para os outros jogadores também. Ted tem uma relação com o seu pai muito delicada e triste, fazendo ele ter vários traumas e ser visível durante vários momentos. Até Rebecca Welton (Hannah Waddingham) fala sobre como o seu relacionamento com o pai a afeta até os dias atuais no episódio do velório dele. Todas essas relações são muito bem escritas e críveis durante a série, é maravilhoso acompanhar, mas meu problema é com Ted e seu filho, Henry Lasso (Gus Turner).
Desde da primeira temporada vimos que Ted é e quer ser um pai dedicado, é importante pra ele, e no restante das temporadas vimos que ele é um pai dedicado que ele mesmo morando a milhas e milhas de distância de seu filho é um bom pai, mesmo ele se sentindo culpado. Ted se sente culpado por não estar perto de seu filho porque quando mais novo seu pai tirou a própria vida e esse evento mudou tudo sua perspectiva. A gente entende tudo isso sobre ele, a gente sente a dor do personagem. É compreensível ele querer passar mais tempo com seu filho, ele sente falta dele, mas não é justo com nós telespectadores. A gente não da a minima pro garoto. O menino mal aparece e quando aparece é completamente sem carisma, só ver a outra criança da série, Pheobe (Elodie Blomfield), ela aparece um pouco mais e é uma criança muito carismática e que nos faz ter amor e empatia por ela, diferente do menino.
Então chega a terceira temporada, a última, que mal foi a anunciada como última, pois segundo os criadores pode existir uma quarta temporada (não sei onde, já que todos os arcos foram fechados, mas isso fica pra uma próxima). Bom, mas querendo ou não até este momento que escrevo é a última temporada da série. Desde o início a gente sabia que o Ted queria voltar para sua cidade, Kansas City, mas personagens evoluem, personagens passam por jornadas, conhecem aliados e no meio disso nós que assistimos e nos apegamos a alguns, as vezes se apega mais a um ou outro. É normal que a víssemos ele ter um sentimento, um carinho ou qualquer coisa por aquelas pessoas que ele conheceu, mas não. Ele passa o episódio final inteiro apático.
Três anos de trajetória, três anos conhecendo pessoas e criando novos laços são resolvidos com a mãe do Ted “seu filho sente sua falta” — não vou entrar na questão da mãe do Ted ser um pouco narcisista e manipuladora, o que ele mesmo fala que não se sente muito a vontade com ela e quer toda atenção para ela, o que deixa um pouco estranho falar que Henry sente falta, quase como uma manipulação, eu não quero me meter nesse assunto agora— sem o personagem ao menos duvidar se quer ficar, pois passou anos ali e mudou a vida de várias pessoas, inclusive a própria, é até um pouco triste. É como se ele não tivesse esse direito, como se ele fosse apenas pai ou apenas um fadinha encantada à la Mary Poppins, é cruel tratar o personagem sem vontades e só fazendo as vontades dos outros para que os outros sejam felizes e não ele. Ted não merece, Ted precisa voltar pra Kansas City pro filho não crescer sem pai, as pessoas em volta do Ted não precisam mais dele. Mas e ele?
Basicamente vive para o filho, Ted não tem interesse amoroso na vida dele, porque se tivesse teria que ser a mãe do filho dele, ele não tem os amigos, pois deixou em Londres e nem pôde comparecer no casamento do melhor amigo dele, Ted não pode deixar seu filho por alguns dias, ele não pode ter um trabalho que não seja relacionado ao filho dele. Até largar o emprego que ganharia milhões, ele largou. Porque ele só pode ser pai. Paternidade é linda, mas é um aspecto da vida e não a vida inteira, desse jeito é sufocante para ambos, imagina, o menino passa o dia na escola e acabou a função do Ted, ele não mais o que fazer. Nem vou fazer o joguinho de falar “se o Ted fosse mulher”, acho meio bobo, mas é algo a se considerar sim, se uma personagem mulher fosse tratada desse jeito talvez a série teria mais criticas.
Outro ponto que eu considero é que, vários pais pelo mundo conseguem ser presente e morar em pontos diferentes do mundo, não é como se um treinador da Premier League de um time que vai para Champions League ganhasse mal, pelo o contrário, e com dinheiro a distância se resolve fácil fácil, mas parece que houve um pouco de preguiça em fazer uma pesquisa nessa parte. Eu até entenderia se fosse para gerar drama, como eu disse a cima, como se o Ted tivesse em dúvida de voltar ou algo do tipo, algo para a história se movimentar, pois as vezes engolimos certas escolhas por isso, mas não. Nem isso.
Bom, eu precisava tirar isso de dentro de mim, afinal eu amo a série e principalmente o personagem e não acho justo como ele foi tratado, como um personagem sem complexidade e profundidade, o que ele não é. Ele merecia mais. Pode existir críticas como “talvez o Ted tenha amigos lá em Kansas City” mas não são amigos que nos importamos ou que vimos eles crescerem por 3 anos que viraram pessoas melhor por causa do Ted, é até meio injusto ver no final eles juntos e Ted separado sendo que foi por ele que se juntaram. Mesmo que bata o pé dizendo que sim Ted pode sim ter uma vida amorosa e social no Kansas, isso não foi mostrado em tela e headcanon por headcanon eu, sinceramente, tenho uns melhores.